quinta-feira, 5 de março de 2015

quinta plenário Questões Orientadoras para as Plenárias Locais e estaduais

“Economia Solidária: bem viver, cooperação e autogestão para um

desenvolvimento justo e sustentável”

Documento 2:



Questões Orientadoras para as Plenárias Locais e

Estaduais


Comissão Organizadora Nacional

Abril de 2012
FÓRUM BRASILEIRO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA



Coordenação Executiva
SCS Quadra 6 – Bloco A

Edifício Arnaldo Villares, sala 514

70.324-900 Brasília – DF

Fone/Fax:

E-mail:

Página:

(61)3965-3268

forum@fbes.org.br

www.fbes.org.br


Rumo à V Plenária Nacional de Economia Solidária

“Economia Solidária: bem viver, cooperação e autogestão para um desenvolvimento

justo e sustentável”

Documento 2:



Questões Orientadoras para as Plenárias Locais e Estaduais


Estamos chegando do chão da oficina,

estamos chegando do som e das formas,

da arte negada que somos,

viemos criar.

Estamos chegando do alto dos morros,

estamos chegando da lei da baixada,

das covas sem nome chegamos,

viemos clamar.

Estamos chegamos do chão dos quilombos,

estamos chegando no som dos tambores,

dos Novos Palmares nós somos,

viemos lutar.

(Milton Nascimento)


Índice do Documento 2

1. Apresentação e Objetivos.......................................................................2

2. Retomando a nossa caminhada e contextualizando a V Plenária do

movimento de Economia Solidária no Brasil.......................................4

3. Questões para debate..............................................................................6


3.1. Orientação política do movimento.................................................................6
3.1.1. Texto de introdução........................................................................................6

3.1.2. Questões para Plenária Local e Estadual.......................................................11


3.2. Orientação das ações do movimento............................................................13
3.2.1. Texto de introdução........................................................................................13

3.2.2. Questões para debate nas Plenárias Locais e Temáticas..............................15

3.2.3. Questões para debate na Plenária Estadual..................................................15


3.3. Organicidade do Movimento.........................................................................16
3.3.1. Texto de introdução........................................................................................16

3.3.2. Questões para debate nas Plenárias Locais..................................................16

3.3.3. Questões para debate na Plenária Estadual..................................................17


1

1. Apresentação e Objetivos


Estamos novamente em marcha, na construção e no fortalecimento da Economia Solidária no

Brasil. Vamos, todas e todos, militantes da economia solidária, seguir rumo à V Plenária Nacional da

Economia Solidária!

Em 2008, a IV Plenária, definiu o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) como “um

instrumento do movimento da Economia Solidária, um espaço de articulação e diálogo entre

diversos atores e movimentos sociais pela construção da economia solidária” em nosso país.

É a partir desta identidade que o FBES convida seus/suas integrantes e todo o movimento de

economia solidária no Brasil para construir coletivamente a V Plenária Nacional de Economia
Solidária cujo tema é "Economia Solidária: bem viver, cooperação e autogestão para um

desenvolvimento justo e sustentável".


Nossa intenção é aprofundar o debate acerca da economia solidária como estratégia de

desenvolvimento territorial, sustentável, diverso e solidário, como opção de organização popular e

luta emancipada das/os trabalhadoras/es associadas/os. A economia solidária é, assim, uma proposta

transversal e articulada com diversos temas, sujeitos e iniciativas para o enfrentamento e superação

do modelo capitalista.

A V Plenária Nacional de Economia Solidária, foi lançada durante a X Reunião da Coordenação
Nacional1 do FBES, em agosto de 2011. Naquele momento se definiram tema, objetivos, agenda e os


eixos prioritários. Coube à coordenação executiva do FBES, definida pela coordenação nacional

como Comissão Organizadora Nacional, dar continuidade à preparação da V Plenária.

A perspectiva é que a preparação da V Plenária, com etapas em todo o território nacional, possa

fazer confluir ideias, debates e proposições para um documento-base à Plenária Nacional que

refletirá as discussões e novas questões que surgirem nas Plenárias Locais, Temáticas, Balanço e

Estaduais.

As questões apresentadas neste documento são provocadoras do debate e, portanto têm o

objetivo de facilitar o diálogo em torno dos temas indicados como prioritários pela coordenação

nacional, amadurecendo posicionamentos que fortaleçam o movimento de economia solidária no

Brasil e as suas articulações com outros países. A proposta é que os debates sejam organizados em

três dimensões:
Orientação política do movimento

Orientação das ações do movimento

Organicidade do movimento


Ou seja, são 3 dimensões que tratam das questões mais amplas e gerais sobre nossa perspectiva
e horizonte (orientação política), refletem sobre tais diretrizes a partir de ações prioritárias

(orientação das ações), e abordam a estrutura e organização do FBES (organicidade).


Partindo do contexto geral (que será apresentado a seguir) e dos nossos acúmulos, a V Plenária

tem como principais objetivos:
Contribuir para a consolidação do movimento de economia solidária, afirmando-o como


movimento social contra o capitalismo, por uma nova sociedade e organização social,

política e econômica;
Contribuir para o processo de estruturação e organização do Fórum Brasileiro de


Economia Solidária;
1 Acesse a ata da X Reunião da Coordenação Nacional do FBES em: http://www.fbes.org.br/index.php?




option=com_docman&task=doc_download&gid=1496&Itemid=216


2

Ampliar diálogos, articulações de alianças estratégicas, parcerias e convergências com


outros movimentos sociais na construção de uma sociedade justa, solidária, diversa,

autogestionária e sustentável.

Para isso, a Comissão Organizadora Nacional apresenta dois documentos de trabalho:
· O Documento 1 traz as orientações gerais e indicativos metodológicos das Plenárias: Na


Orientação Geral são definidos os tipos de plenárias, as condições para a participação em

cada uma, a agenda de atividades, atribuições das comissões, etc. E os indicativos

metodológicos trazem propostas definidas pela Comissão Organizadora Nacional, para

organização dos debates nas plenárias Locais, Estaduais, Temáticas, de Balanço e

Nacional.
· O Documento 2 serve como base para orientar as discussões nas plenárias Locais e


Estaduais. Ele apresenta o contexto de realização da V Plenária, com rápido histórico

sobre a caminhada do movimento e as questões provocadoras para o debate em cada uma

das três dimensões.

Desejamos a todas e todos um ótimo trabalho e rico debate!
Comissão Organizadora Nacional

3

2. Retomando a nossa caminhada e contextualizando

a V Plenária do movimento de Economia Solidária no

Brasil


As Plenárias são espaços privilegiados de discussão e de definições sobre diretrizes políticas,

com o encontro daquelas/es que constroem o movimento de economia solidária em cada canto deste

país.

Para que possamos compreender a proposta da V Plenária retomamos aqui, através de uma

breve linha do tempo, os grandes momentos nacionais já organizados pelo movimento de economia

solidária no Brasil.
Depois do rico e intenso processo da IV Plenária2, diversas atividades e iniciativas foram


realizadas, muitos fóruns locais foram criados, enraizando nossa organização. Realizamos inúmeras

plenárias locais, estaduais, territoriais no âmbito dos Fóruns de Economia Solidária. Fizemos
também inúmeras avaliações3 deste processo buscando fortalecer o movimento de economia


solidária e verificamos que é fundamental a parceria e soma de forças com outros movimentos

sociais que têm o mesmo horizonte de lutas e transformações que o nosso.

Participamos da preparação e realização das I e II Conferências Nacionais de Economia

Solidária, a primeira em junho de 2006 e a segunda em junho de 2010. Nas duas conferências,

atualizamos nossas pautas com o governo e definimos as prioridades para a construção de uma

política pública de economia solidária.

Também incidimos junto aos governos em relação à implementação de políticas públicas e

impulsionamos a criação de diversas leis estaduais e municipais. Nacionalmente, estamos somando
forças para a lei nacional com a Campanha pela Lei da Economia Solidária: Iniciativa Popular



2 Acesse o documento final da IV Plenária Nacional em:

http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=746&Itemid=216


3 Acesse o Balanço dos Encontros Regionais do FBES de 2010 em: http://www.fbes.org.br/index.php?




option=com_docman&task=doc_download&gid=1415&Itemid=216


4

2001

(jan)

2003

(jan)

2003

(jun)

2004

(ago)

I Encontro Nacional de

Empreendimentos


Econômicos Solidários, mais



de 2500 participantes, em

Brasília, com debates por ramo

de atividade, levantando

pautas, prioridades e

dialogando com o governo.

Criação do GT




Brasileiro de

Economia


Solidária no I



Fórum Social

Mundial (FSM)

em Porto Alegre.

I Plenária


Em São Paulo

mais de 200

participantes.

Carta ao governo

Lula, recém eleito,

para criação da

SENAES.

III Plenária


Mais de 900 participantes, 17

estados, delibera pela articulação

e mobilização das bases, carta de

princípios, plataforma de lutas. O

FBES é criado e se define sua

composição e funcionamento.

Início do processo de interlocução

do FBES com a SENAES.

II Plenária


Durante o FSM, em Porto

Alegre, com 800

participantes, coordenada

por Paul Singer. A

Plenária definiu agenda de

mobilização de debates e

sensibilização pelas

regiões do país.

2002

(dez)

2008

(mar)

IV Plenária


Realizada em Brasília, em março de 2008, com a participação de 288 representantes das Plenárias

Estaduais, além de 32 observadores, totalizando 320 participantes de todos os estados do país.

Processo de preparação - Caravana Rumo à IV Plenária Nacional - que consistiu em 5 seminários



regionais de formação (120 representantes). Realização de 25 plenárias estaduais e mais de 130 atividades

preparatórias envolvendo diretamente mais de 4.000 pessoas.

Principais deliberações – Bandeiras e ações prioritárias (formação, marco legal, finanças solidárias e



produção, comercialização e consumo solidários), natureza, estrutura e forma de funcionamento do FBES.

para um Brasil Justo e Sustentável (mais informações em http://www.cirandas.net/leidaecosol). A


meta é finalizar a coleta das 1 milhão e 350 mil assinaturas junto com a V Plenária Nacional, em

dezembro de 2012, realizando um ato público de entrega das assinaturas no Congresso. A elaboração

do Projeto de Lei para a Economia Solidária é resultado da incidência do movimento junto ao

Conselho Nacional de Economia Solidária. Também a aprovação do decreto do Sistema Nacional do

Comércio Justo e Solidária (SNCJS) e do Programa Nacional de Incubadoras (PRONINC), em 2010,

é resultado da construção junto à SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária). Com o

decreto do SNCJS a economia solidária foi reconhecida como sujeito de uma política pública, que

possibilita maior visibilidade do tema. Ainda na luta pela garantia ao acesso à políticas públicas, o

debate feito pelo movimento no Fórum Interconselhos (espaço que reuniu representantes de vários

conselhos federais) garantiu no plano plurianual federal 2012-2015 a inclusão da economia solidária

no programa temático "Desenvolvimento Regional, Territorial, Sustentável e Economia Solidária".

Em março de 2011, o movimento de economia solidária no Brasil é surpreendido ao saber do

envio ao Congresso da proposta de projeto de lei da presidência da república (PL 865) que propunha

várias mudanças na institucionalidade da economia solidária no governo. Isto desencadeou uma

grande mobilização nacional do movimento que, de forma muito rápida e articulada, organizou

diversas manifestações, mobilizações e audiências pelo país. Além disto, tivemos apoios nacionais e

internacionais que revelaram um movimento e uma força social organizada. O debate sobre a relação

entre economia solidária e micro e pequena empresa fortaleceu nossa identidade e a nossa condição

de sujeitos políticos. Em apenas 2 meses organizamos e mobilizamos 22 audiências públicas

estaduais e uma nacional em conjunto com o Grito da Terra, no dia 17 de maio de 2011.

Consideramos que a V Plenária ocorre em um momento de maior maturidade do movimento de

economia solidária no país, com um fortalecimento da nossa identidade nos últimos anos. A escolha

de sua temática está relacionada à conjuntura atual onde se insere o movimento de economia

solidária no Brasil, sua organicidade e relação com outros movimentos sociais e com o governo.

Estamos num momento que o governo quer retomar o crescimento econômico no Brasil, a partir

de uma estratégia que fortalece as grandes empresas e o empreendedorismo individual, e não a

economia solidária. Esta estratégia de crescimento econômico fortalece o sistema capitalista e este,

ao mesmo tempo, se apropria das bandeiras e lutas dos movimentos sociais dando um caráter de

responsabilidade social. Mas, reafirmamos: nossas bandeiras e lutas estão voltadas para a promoção

de um desenvolvimento justo, democrático e solidário e não se confundem com remendos no

sistema hegemônico.

Na V plenária estaremos:
· Refletindo sobre a identidade do movimento social de economia solidária no Brasil. Para


tanto, é importante debater o significado de ser um movimento social, o que nos une, quais

os nossos enfrentamentos, com quais movimentos e setores nos aliamos.
· Refletindo sobre o nosso projeto político para a sociedade.

· Buscando construir estratégias que nos ajudem a identificar o que e quem contribui para o


fortalecimento do nosso projeto político, bem como o que dele nos distancia.

Esperamos que este breve histórico e contextualização ajude a perceber que estamos num

momento histórico, que temos que aproveitar para fortalecer e avançar nossas conquistas pelo

projeto político, ações e organização do movimento de economia solidária no país.
Avante companheiras e companheiros!

5

3. Questões para debate

3.1. Orientação política do movimento

3.1.1. Texto de introdução



Após a realização da IV Plenária o movimento de economia solidária se fortalece e amplia sua

organização em todo o Brasil, além de dar continuidade às articulações internacionais. Isto nos

coloca o desafio de olharmos com mais cuidado para as orientações políticas que estabelecem o

rumo de nossas diretrizes e ações prioritárias. Nesta dimensão, o foco são as questões relacionadas

com o fortalecimento do horizonte político de transformação social e identidade do movimento de

Economia Solidária.

A Coordenação Nacional do FBES, em sua X reunião, indicou os pontos a serem aprofundados

no processo da V Plenária que dizem respeito ao rumo político do movimento. São eles:

a) Sustentabilidade;

b) Autogestão e autonomia;

c) Economia Popular;

d) Emancipação econômica e política dos Empreendimentos de Economia Solidária;

e) Território e Territorialidade;

f) Diversidades (gênero, raça, etnia, povos e comunidades tradicionais, orientação sexual,

geração, juventude, rural/urbano, pessoas em situação de vulnerabilidade, egressos do

sistema prisional e saúde mental);

g) Cidadania, organização da sociedade, relação entre o movimento de Economia Solidária e o

Estado.

Nesta dimensão, temos uma questão central que orienta o debate político e que deveremos

aprofundar nesta V Plenária: precisamos definir e detalhar temas que por vezes debatemos de

maneira genérica, buscando compreender as contradições e divergências sobre aspectos centrais do
nosso projeto político. Este debate, de natureza político-ideológica, servirá para que possamos


analisar as relações que estabelecemos no nosso movimento, com a natureza, com a sociedade em

geral, com os outros movimentos sociais e o Estado.

Já vivemos muitos momentos onde discutimos a temática do desenvolvimento, a exemplo das

plenárias anteriores e da nossa participação nas duas conferências nacionais de economia solidária.

Porém, o contexto brasileiro atual nos remete a discutir a lógica de crescimento e inclusão produtiva,

por exemplo. Ou ainda a economia verde, a economia criativa, e outras propostas que provocam

uma confusão de práticas, estratégias e conceitos que nem sempre contribuem para avançarmos nos

processos de transformação social e econômica necessários à nossa realidade.

Para melhor debatermos esta dimensão, precisamos aprofundar o debate sobre o nosso horizonte

político.
· Na contraposição ao capitalismo, o que efetivamente queremos?

· Vamos reafirmar antigas ideologias?



6

· Ou estamos querendo construir uma nova cultura política que se relacione com uma nova


forma de viver em sociedade, de fazer política comprometida com a vida e que contribua

verdadeiramente para um mundo sustentável e relações mais saudáveis e humanas?
Sabemos que o desenvolvimento que queremos é de dentro para fora, tanto das pessoas quanto


dos territórios, numa perspectiva emancipatória e de construção de autonomia, principalmente em

relação ao mercado e o modo de vida capitalista. É evidente que isto se dá num processo de

contradição, pois enquanto construímos esta perspectiva temos que nos relacionar com as estruturas

e processos econômicos que já existem, inclusive não tendo ainda a nossa independência financeira.

Precisamos por exemplo, questionar o crescimento econômico que estamos vivendo no Brasil, que é

excludente, destrói a natureza e que reverte resultados limitados para os trabalhadores e

trabalhadoras que o sustentam. As iniciativas governamentais que promovem o desenvolvimento

territorial, sustentável e solidário no campo e na cidade ainda são incipientes diante do contexto

mais amplo das políticas públicas.
Como exemplo de outras maneiras de se pensar o desenvolvimento, vale citar o sumak kawsay,


expressão originária da língua quechua, idioma tradicional indígena dos Andes. "Sumak" significa

plenitude e "Kawsay", viver. É a expressão usada como referência ao modelo de desenvolvimento

em implementação no Equador a longo prazo e que implica um conjunto organizado, sustentável e

dinâmico dos sistemas econômicos, políticos, socioculturais e ambientais que garantem a realização

do bem viver. O bem viver implica na melhoria da qualidade de vida das pessoas, mas em

vinculação direta com a natureza, uma busca de equilíbrio entre ser humano - natureza, de um bem

comum e não apenas o crescimento econômico, fortalecendo a cultura e suas identidades.

Temos que buscar aprender com os povos indígenas, cujos sistemas econômicos têm permitido
subsistir há gerações sem alterar o equilíbrio natural da mãe terra. Para eles, o sumak kawsay


significa debater o futuro da nossa sociedade e dos seres humanos, colocando no centro dos

processos a vida, não os mercados nem a corrida produtivista do crescimento econômico. Para os
indígenas, o sumak kawsay busca sair da visão produtivista para construir um processo de


decrescimento da produção de coisas e entrar noutro processo de crescimento medido não em termos

de coisas, mas em termos de vida, tanto humana como de todos os seres. Ou seja, reconsiderando o
que entendemos por riqueza.


Temos que reconstruir indicadores de riqueza, que considerem outros critérios e princípios. Não

necessariamente temos que pensar uma lógica de DESenvolvimento, mas de Envolvimento!

Dialogando com a perspectiva de decrescimento, incorporando nas nossas práticas de consumo

responsável e comércio justo, por exemplo.
A sustentabilidade é o fundamento inicial para o desenvolvimento que queremos. Considerando


a sustentabilidade em todas as suas dimensões: social, cultural, econômica, ambiental e política. Este

conceito, no entanto, é atualmente utilizado por vários grupos e com diversas intenções. O que

queremos afirmar quando falamos de sustentabilidade? Como a sustentabilidade se relaciona com

saúde, educação, cultura, justiça econômica, soberania alimentar, entre outros aspectos, numa

perspectiva de emancipação e a partir dos valores de cooperação e solidariedade? O que isto

efetivamente implica quando nos relacionamos com a natureza e com o mercado, por exemplo? O

que isto significa quando nos relacionamos entre nós na ótica da cooperação e da solidariedade?

Como podemos trabalhar a perspectiva do “bem viver”?

Temos que recriar o espaço privilegiado das trocas e do encontro, que é originalmente o espaço

do mercado, retomar as suas bases como espaço provedor da vida e não do lucro e da ganância.
7

Para discutir o nosso modelo de desenvolvimento é fundamental que consideremos as
Diversidades existentes: gênero, raça, etnia, povos e comunidades tradicionais, orientação sexual,


geração, juventude, rural/urbano, pessoas em situação de vulnerabilidade, egressos do sistema

prisional e saúde mental. Isso é a afirmação da identidade, da transversalidade da economia solidária

na sociedade e está cada vez mais presente no cotidiano de nosso movimento e das nossas

articulações. O tema diversidades coloca no debate grupos que estão na resistência ao modelo

capitalista. Além disso, certas práticas, a exemplo dos povos e comunidades tradicionais e indígenas,

estão na origem da economia solidária: entendidas como práticas de cooperação econômica não

monetárias muitas vezes, que demonstram fortemente sua capacidade de cooperação e solidariedade

no enfrentamento das questões cotidianas.

Destacamos a luta das mulheres fortalecendo o movimento de Economia Solidária nas últimas

décadas, havendo ampla participação de mulheres nos Fóruns e nos empreendimentos. No embate

do PL 865 as mulheres também tiveram uma participação majoritária

Como consideramos as especificidades das diversidades em nossas lutas? Que lugar as

diversidades ocupam em nossas estruturas? E como desmontamos as estruturas existentes que

apresentam relações de poder verticais e opressoras?
Esse debate também nos indicou a necessidade de refletirmos sobre a relação da economia

solidária com a economia popular. São milhões de iniciativas de trabalhadoras/es no Brasil que


trabalham com a lógica da reprodução e da sobrevivência: ambulantes, algumas categorias de

artesãos, trabalhadores autônomos, grupos informais, iniciativas familiares, microempresa sem

empregado e nem exploração. Sabemos que muitos não conhecem o projeto político da economia

solidária e seu trabalho acaba por sustentar o capitalismo, ao realizar atividades econômicas que são

consideradas como sem rentabilidade pelos capitalistas, mas fundamentais para que estes continuem

elevando seus lucros.

Temos que entender que a economia popular não é apenas composta por pequenos capitalistas

ou microempreendedores. É múltipla e diversa. Sobretudo são trabalhadoras/es. Temos que pensar

em estratégias de envolver estes trabalhadores/as da economia popular para que se organizem em

projetos coletivos de atividade econômica e ao mesmo tempo, fortaleçam o projeto político da

economia solidária. Este é um desafio. Como fazer isto e problematizar as“facilidades” ofertadas

pelos caminhos individuais?A exemplo da inscrição no MEI (Microempreendedor Individual) que

oferece descontos e facilidades no pagamento de impostos, enquanto lutamos pelo fortalecimento do

marco legal da economia solidária pela institucionalização da Lei Geral da Economia Solidária, luta

que estamos fazendo através da campanha de assinaturas que já está nas ruas. Como não

criminalizamos estes/as trabalhadoras/es e ao mesmo tempo denunciamos as artimanhas politicas e

técnicas do sistema? Sistema que se aproveita da fragilidade do marco legal do ponto de vista da

democracia e do direito ao trabalho associado. Como anunciamos as possibilidades da economia

solidária, inclusive na construção do próprio país?
Na nossa ótica de Envolvimento, a economia solidária e economia popular têm no território e

nas territorialidades o espaço de encontro e relação. Os territórios são espaços de identidade,


também de disputa de poder e de projetos de sociedade e economia. É importante sabermos

diferenciar os territórios que o governo desenhou, como os Territórios da Cidadania, os Territórios

Rurais do MDA, os Territórios da Paz, entre outros. E, na diferenciação, possamos indicar a nossa

própria perspectiva de território.

Reconhecer os territórios, sua dinâmica e o significado da economia solidária neles, é

importante para ampliar e fortalecer nossa identidade e disputar o projeto político transformando os

territórios: introduzindo uma cultura de cooperação e solidariedade com os outros movimentos
8

sociais, de cuidado com a natureza, de incidência e controle junto ao Estado e de práticas

econômicas justas, sustentáveis e solidárias. É importante identificar nos territórios os atores e

movimentos sociais parceiros e as práticas de exploração e manutenção do sistema dominante para

construirmos forças que ajudem o movimento de economia solidária a se consolidar.

A efetivação do projeto político da economia solidária nos territórios acontece com a
Emancipação econômica e política dos Empreendimentos de Economia Solidária. Adotar esta


perspectiva significa refletirmos sobre a nossa relação com o mercado. Atualmente, muitos de nós

temos trabalhado de maneira a construir estratégias de inclusão no mercado capitalista. No entanto,

esta perspectiva é reducionista para o projeto político da economia solidária.

A construção da autonomia passa pela criação de um outro tipo de mercado? Qual o papel do

Estado nesta construção? Como avaliamos a contribuição do PAA e do PNAE, enquanto políticas

públicas? Apostamos na estratégia de organização de redes e cadeias econômico solidárias,

ancoradas nos processos de articulação territorial, garantindo a soberania alimentar e a preservação

do meio ambiente. Olhando para os territórios, o quanto temos nos dedicado à organização de redes

e cadeias solidárias? Quais as dificuldades encontramos? Como pensar em estratégias de articulação

de redes e cadeias solidárias que fortaleçam a construção de outro tipo de mercado, ao mesmo

tempo, e enquanto construímos esta perspectiva? Como nos relacionamos com o mercado sem abrir

mão de princípios, valores e práticas da economia solidária? Como projetamos que deva ser a

economia?

A emancipação política pode ser entendida quando os sujeitos atuam com liberdade, autonomia,

com poder de decisão, influência e participação. A autonomia é um processo dinâmico e tem a ver

com as relações que estabelecemos. Quando temos relações com o mercado capitalista há limitações

na atuação, gerando relações de dependência, subordinação, promovendo a crescente desigualdade

pela concentração da riqueza, do conhecimento e do poder. Como o econômico e o político dialogam

e estão juntos nesta busca pela emancipação?

No concreto, a participação econômica e política só podem se viabilizar a partir da construção

de estratégias que garantam a soberania alimentar nas realidades urbanas e rurais e nas relações que

estes campos estabelecem entre si. A soberania alimentar, conceito construído pelos movimentos

sociais do campo, é mais amplo que a segurança alimentar. Compreendida como o direito dos povos

a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, produzidos de forma sustentável e agroecológica,

decidindo seu próprio sistema alimentar e produtivo, que envolve a necessidade de acesso (nos

espaços urbanos e rurais) à terra e aos recursos naturais.

Outro ponto importante para debatermos nesta V Plenária está relacionado a aprofundarmos o
que entendemos por Cidadania, organização da sociedade e relação entre o movimento de

Economia Solidária e o Estado. Estes aspectos estão relacionados diretamente com a nossa


capacidade de colocar em prática o nosso projeto político.

Um primeiro ponto sobre esta questão tem a ver com a necessidade de entendermos o trabalho

associado como direito. Poucos avanços foram realizados nesta direção, tanto no que se refere à

reflexão que temos feito no movimento da economia solidária, quanto na incorporação desta pauta

pelo estado em seus diferentes níveis. Para isto, é fundamental refletirmos sobre a institucionalidade

da economia solidária, tanto no que se refere ao avanço sobre a implementação de nossas bandeiras

do marco legal, a exemplo da Lei Geral da Economia Solidária, quanto da incorporação de direitos

sociais necessários ao reconhecimento pelo estado do trabalho associado.

Historicamente o Estado brasileiro foi construído de forma a manter e reproduzir o capital,

sustentando grupos que já tem poder e recursos financeiros. Apesar da criação da SENAES e de

outras iniciativas na direção de ampliar a perspectiva para a economia solidária, o desenvolvimento
9

territorial e as compras públicas da agricultura familiar e da economia solidária, nos últimos três

mandatos do governo federal, a política pública de economia solidária ainda se restringe a projetos,

havendo um caminho para que alcancemos uma real política pública que garanta o direito ao

trabalho associado. Isto se reflete também nos estados e municípios que implantaram ações nesta

área. O resultado é que temos políticas públicas frágeis, que não se incorporaram ao estado, mas são

ações de governo que podem ser desmanchadas com a troca de governantes. Mesmo os planos de

combate à pobreza, como é o caso do Brasil Sem Miséria, propõem ações na direção da inclusão

produtiva, o que fortalece mais ainda o sistema capitalista.

Teremos condições de disputar políticas e espaços no Estado se estivermos organizados, como

mostrou o processo de debate do PL 865, as conquistas de leis municipais e estaduais, da linha

temática no plano plurianual (2012-2015) e a construção do projeto de lei de iniciativa popular da

economia solidária. Precisamos encontrar espaços de articulação entre nós para desenvolver

processos de incidência política junto ao Estado nos seus diferentes níveis (federal, estadual e

municipal). Precisamos refletir sobre estratégias que possam significar pautas claras da economia

solidária para os governos nas diferentes áreas, para que possamos reivindicar o fortalecimento de

nossos EES e por consequência, do movimento de economia solidária. Como podemos organizar a

nossa ação pública, ou seja, como dar visibilidade às pautas da economia solidária? Como podemos

trabalhar a incidência das pautas relacionadas à construção de um marco regulatório para que o

Estado reconheça o trabalho associado como direito? Como tornar visíveis para a sociedade estas

pautas?

Além disso, no período recente está em debate a reforma do sistema político brasileiro, com

propostas para ampliar o poder do povo nas decisões, democratizar os partidos, facilitar os

instrumentos de democracia direta. Esta pauta é convergente para mudanças políticas e econômicas

necessárias. Observando a estrutura de participação no sistema político brasileiro, quais mudanças

propomos? Neste debate, também entra a questão dos instrumentos entre Estado e sociedade para

desenvolver projetos e parcerias, haja vista que para a participação cidadã e para fortalecer nossa

proposta política e econômica é fundamental o acesso adequado aos recursos públicos. Como

requeremos o marco regulatório entre estado e sociedade civil?

Nos processos de organização do movimento de economia solidária temos que refletir ainda a

nossa relação com os outros movimentos sociais e redes, tanto em nível nacional quanto

internacional. Nos últimos anos, o FBES tem dedicado uma grande energia para fomentar esta

articulação.

No Brasil, o FBES teve um papel importante, em conjunto com outros nove movimentos e
redes, na construção dos Diálogos e Convergências: Esta é uma articulação entre várias redes e


movimentos sociais: agroecologia, economia solidária, soberania alimentar, saúde e justiça
ambiental, e feminista4. Este encontro nos mostra o quanto é necessário promover ambientes de


diálogos e convergências entre os vários movimentos, lutas e bandeiras, nas cidades, territórios e

regiões do país, a partir das experiências concretas de resistência, de denúncia ao atual modelo e de

construção de alternativas concretas. O FBES também está participando na organização da Cúpula

dos Povos, que acontece paralelamente à Rio +20, em que os vários movimentos sociais vão

questionar as falsas soluções da chamada “economia verde” e propor alternativas concretas que

superem a centralidade do lucro e apontem efetivamente para outro modelo de desenvolvimento.

Como FBES estamos em articulações internacionais, como nas edições do Fórum Social

Mundial, na RIPESS (Rede Intercontinental de Promoção da Economia Social e Solidaria) e no

Espaço por um Mercosul Solidário.
4 Para mais informações, consulte: http:// www.dialogoseconvergencias.org



10

O FBES é responsável atualmente pelo Secretariado Técnico da RIPESS Latino América e
Caribe (RIPESS-LAC). Temos o importante desafio de preparar o encontro da RIPESS-LAC5 no


Brasil, com participação dos movimentos de economia solidária de toda a América Latina e Caribe,

no Rio de Janeiro, nos dias que antecedem a Rio +20.

Tais articulações, para além de aumentar a nossa capacidade de incidência e fortalecer a nossa

capacidade de trocas políticas e econômicas, apontam caminhos no processo de "globalização

solidária", promovendo e debatendo uma identidade internacional para o nosso movimento, em

especial, na construção da pátria latino-americana.

Precisamos debater as nossas prioridades em termos do envolvimento nacional e internacional a

fim de que as articulações, diálogos e alianças com outros movimentos não sejam apenas uma tarefa

da coordenação executiva, mas também que sejam apropriadas pelos fóruns locais de Economia

Solidária.
Este processo depende ainda da nossa capacidade de fortalecer os processos de autogestão e

autonomia que são princípios fundantes do nosso movimento. Precisamos entender e refletir sobre o


significado da autogestão, na ampliação dos espaços de participação, consulta e decisão. E também

perceber as contradições que fazemos no exercício da nossa organização enquanto FBES, EES,

movimento, redes e cadeias.

A autogestão parte do entendimento, da mudança de postura e da formação/vivência dos

indivíduos na sua relação com os coletivos. Não podemos confundir a autogestão com

desorganização, pois requer acordos, processos, dinâmicas para cada realidade, partindo de um

entendimento comum entre os/as envolvidos/as. Como temos exercitado a autogestão no cotidiano

de nossas estruturas organizativas? Para ampliação da nossa capacidade de ação e organização,

como temos renovado nossas coordenações?
3.1.2. Questões para Plenária Local e Estadual


Plenárias Locais


No momento 4 das Plenárias Locais (ver Documento 1) sugerimos que os empreendimentos


orientem sua apresentação com as questões colocadas abaixo, relacionando a sua experiência com os

temas da dimensão política.
Plenária Estadual


A partir do texto acima e das questões abaixo, sugerimos organizar o momento 4 da Plenária


Estadual (ver Documento 1) buscando elaborar coletivamente os princípios, diretrizes e estratégias

para avançarmos no projeto político da economia solidária. A partir do debate em 7 grupos por

temas abaixo, a Plenária Estadual depois se reorganizará em 3 grupos que elaborarão cartas: à

sociedade, aos outros movimentos e ao movimento da economia solidária.
Grupo 1: Sustentabilidade

a) Na contraposição ao capitalismo, o que efetivamente queremos?
5 Saiba mais em: http://cirandas.net/v-encontro-latinoamericano-de-economia-solidaria-e-comercio-justo



11

b) Vamos reafirmar antigas ideologias ou estamos querendo construir uma nova cultura

política? Como descrevemos a nossa cultura política?

c) O que é para nós sustentabilidade? O que isto efetivamente implica quando nos relacionamos

com a natureza e com o mercado capitalista? O que isto significa quando nos relacionamos

dentro da economia solidária na ótica da cooperação e da solidariedade?

d) O que entendemos por “bem viver”? Qual é a sua relação com emancipação e a prática de

valores de cooperação e solidariedade?
Grupo 2: Autogestão e autonomia

a) O que entendemos por autogestão?

b) Como temos exercitado a autogestão no cotidiano: nos fóruns, nos empreendimentos e

organizações?

c) Há relação entre autogestão e sustentabilidade?

d) Para ampliação de nossa capacidade de ação e organização, como temos renovado nossas

coordenações

e) Que propostas temos para construir uma sociedade autogestionária?
Grupo 3: Economia Popular

a) Qual o significado da economia popular para o movimento da economia solidaria?

b) Como nos relacionamos com a economia popular e problematizamos as “facilidades”

ofertadas pelos caminhos individuais, a exemplo da inscrição no MEI (Microempreendedor

Individual)?

c) Quais as estratégias para ampliar nossa relação com a economia popular? Como anunciar as

possibilidades da economia solidaria, inclusive na construção do próprio país?

d) Como denunciar as artimanhas políticas e técnicas do sistema dominante?
Grupo 4: Emancipação econômica e política dos Empreendimentos de Economia

Solidária

a) O que entendemos por mercado? Como projetamos que deva ser a economia?

b) O que entendemos por empreendimentos emancipados de um ponto de vista político e

econômico? A construção da autonomia passa pela criação de outro tipo de mercado?

c) Como nos relacionamos com o mercado capitalista sem abrir mão de princípios, valores e

práticas da economia solidária?

d) Olhando para os territórios, o quanto temos nos dedicado à organização de redes e cadeias

solidárias? Quais as dificuldades encontramos?
Grupo 5: Território e Territorialidade

a) O que consideramos como território?

b) O que fazer para fortalecer a nossa identidade e disputar o projeto político?
12

c) Que estratégias utilizar para identificar nos territórios os atores e movimentos sociais

aliados para articularmos forças que ajudem no desenvolvimento territorial, solidário e

sustentável?

d) Como articular a ação no território com a luta mais ampla do projeto político?
Grupo 6: Diversidades

Lembrete: quando falamos de diversidades, nos referimos a gênero, raça, etnia, povos e


comunidades tradicionais, orientação sexual, geração, juventude, rural/urbano, pessoas em situação

de vulnerabilidade, egressos do sistema prisional e saúde mental.

a) Como consideramos as especificidades das diversidades em nossas lutas?

b) Como evidenciamos as diversidades na nossa organização, nos fóruns, empreendimentos e

organizações?

c) Como desmontamos as estruturas existentes que apresentam relações de poder verticais e

opressoras?
Grupo 7: Cidadania, organização da sociedade e relação entre o movimento de

Economia Solidária e o Estado

a) Quais as prioridades para garantir a visibilidade da economia solidaria tanto na relação com a

sociedade, quanto com o Estado?

b) Quais critérios temos para estabelecermos nossa relação com o Estado? Como isto se

relaciona com um novo marco regulatório para a relação do Estado e com as organizações da

sociedade civil?

c) O que consideramos prioritário na articulação com os outros movimentos em nível nacional e

internacional?

d) Que prioridades definimos para a nossa atuação em espaços internacionais que já

participamos, a exemplo da RIPESS e do Espaço por um Mercosul Solidário?

e) Observando a estrutura de participação no sistema político brasileiro, quais mudanças

propomos?
3.2. Orientação das ações do movimento

3.2.1. Texto de introdução



Além do debate de fundo, que aprofunda o recorte e horizonte político do movimento, é preciso

discutir questões, problemas, pautas e reivindicações concretas para dar respostas às necessidades

dos que fazem a Economia Solidária na base, tornando real o nosso projeto político.

E ainda, é preciso amadurecer o que são atividades do movimento e o que colocamos como

incidência para a construção de políticas públicas.

Este debate se organiza em 5 eixos:

a) Marco Legal;

b) Educação e Cultura;

c) Estratégias Econômicas (produção, comercialização, consumo e finanças solidárias);
13

d) Integração territorial e luta por políticas públicas articuladas e contínuas;

e) Comunicação e visibilidade.

Nesta plenária não estaremos trabalhando de forma mais aprofundada as bandeiras já debatidas

na IV plenária. Mas é importante que possamos olhar para o que definimos em 2008, identificando o

que avançamos e o que continua como desafio, o que acontecerá principalmente nas Plenárias de

Balanço e nas Plenárias Temáticas.

Além disso, a coordenação nacional do FBES definiu novos eixos que ainda não incluímos

como ações prioritárias no grande debate realizado em 2008, que são: “Comunicação e visibilidade”

e “Integração territorial e luta por políticas públicas articuladas e contínuas”.
Sobre a comunicação e a visibilidade NO (para dentro) e DO (para fora) movimento de


economia solidária, trazemos alguns pontos para alimentar o nosso debate. Este é um grande desafio

para o movimento de economia solidária, considerando a nossa diversidade, estrutura e presença em

diversas partes do país. Temos enfrentado problemas no que se refere à comunicação interna no

movimento de economia solidária, que vão desde a comunicação dos fóruns locais com as estruturas

de coordenação até a de compreender-nos nas pautas e ações comuns.

Precisamos nos aliar com os movimentos que trabalham a perspectiva da comunicação, trazendo

ferramentas da comunicação popular (rádios e tvs comunitárias, jornais comunitários, entre outros)

para que possamos nos enraizar em cada território e democratizar as informações para dentro e para

fora do movimento. Além disso, temos que aproveitar das ferramentas e instrumentos já existentes, a

exemplo dos movimentos que trabalham com ferramentas virtuais, para melhorar a nossa

comunicação e visibilidade. Temos que trabalhar de forma mais evidente os instrumentos já criados,
a exemplo do nosso site (www.fbes.org.br ) e do Cirandas (www.cirandas.net ), para que possam ser


democratizados e mais utilizados por quem faz parte da economia solidária.

O Encontro de Diálogos e Convergências e a prática do movimento de economia solidária no

Brasil nos fizeram refletir sobre a necessidade de trabalharmos melhor a perspectiva territorial em

nossas ações, sendo que o Intermapas é uma das estratégias para visibilizar as convergências
territoriais das diversas lutas (http://www.fbes.org.br/intermapas).

A estratégia da Integração territorial e luta por políticas públicas articuladas e contínuas foi


definida como prioritária pela coordenação nacional do FBES. É no território que encontramos a

nossa identidade e também nos encontramos com práticas e lutas de outros movimentos sociais na

disputa de projeto político. É também no território que definimos o nosso “jeito de fazer política e

economia”, dizendo não à exploração e às práticas clientelistas e corporativistas. Também

identificamos que em cada um dos nossos estados ou regiões existem locais onde a dinâmica da

economia solidária é mais organizada e, portanto, mais articulada e visível. Como fazer a articulação

permanente com os outros movimentos sociais na construção de processos territoriais de

ENvolvimento sustentável e solidário? Como construímos territorialidades a partir da interação com

outros atores?

É também no território que têm sido executadas as políticas públicas mais diversas. Porém,

podemos identificar que as mesmas são descontínuas e fragmentadas, nem sempre atendendo às

necessidades dos empreendimentos. Como podemos realizar articulações que garantam a

continuidade de tais políticas? Como nos inserimos e pautamos as políticas e programas públicos de

modo que fortaleça o movimento da economia solidária nos territórios? O que podemos fazer

enquanto movimento de economia solidária para pautar a integração territorial das políticas

públicas?
14

3.2.2. Questões para debate nas Plenárias Locais e Temáticas



Sugerimos que os empreendimentos que trarão sua experiência para o momento 4 (ver

Documento 1) leiam o texto acima e orientem sua apresentação com as questões colocadas no texto


abaixo, provocando o debate sobre os avanços e limites da sua experiência em torno dos eixos

educação e cultura, marco legal, estratégias econômicas, comunicação e visibilidade.

No caso das Plenárias Temáticas e de Balanço, elas devem aprofundar, por eixo, as questões

colocadas em torno das Orientações de Ação do Movimento.

Seguem abaixo algumas questões para debate nas Plenárias Locais, de Balanço e Temáticas:
Educação e Cultura, Marco Legal e Estratégias Econômicas:

· Em que avançamos desde a IV Plenária em relação às ações prioritárias definidas pelo


movimento?
· Que dificuldades tivemos?

· Em que podemos melhorar nossa estratégia de atuação?

· Há elementos que podemos trazer para acrescentar às bandeiras já definidas?

· Como estamos desenvolvendo a campanha pela lei nacional de iniciativa popular da


economia solidária, de modo a finalizá-la em dezembro de 2012?
Comunicação e visibilidade:

· Que elementos e instrumentos podemos indicar para uma política de comunicação e


visibilidade? O que é para nós comunicação? Que diretrizes e princípios orientam a nossa

prática neste campo e que estratégias prioritárias temos ou poderemos ter?
Integração territorial e luta pela continuidade das políticas publicas:

· Como fazer a articulação permanente com os outros movimentos sociais na construção


de processos territoriais de ENvolvimento sustentável e solidário? Como construímos

territorialidades a partir da interação com outros atores?
· Como podemos realizar articulações que garantam a continuidade das políticas públicas


que fortaleçam os territórios? O que podemos fazer enquanto movimento de economia

solidária para pautar a integração territorial das políticas públicas?
· Estamos presentes nas dinâmicas de planejamento de políticas públicas existente nos


territórios? Como nos inserimos e pautamos as políticas e programas públicos de modo

que fortaleçam o movimento da economia solidária nos territórios?
3.2.3. Questões para debate na Plenária Estadual



Para o momento 3 (ver Documento 1), identificar como as ações prioritárias oriundas das


Plenárias Locais se relacionam com os eixos apresentados acima.
Se for possível, pode ser interessante introduzir um momento de balanço entre os momentos 3 e

4 (ver Documento 1), considerando as questões colocadas acima e as ações prioritárias indicadas


pelas Plenárias Locais.
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3.3. Organicidade do Movimento

3.3.1. Texto de introdução

A nossa terceira dimensão volta-se para a atual organização e estrutura, bem como a relação

desta estrutura com redes e movimentos sociais aliados. A Comissão Organizadora, a partir das

orientações da Coordenação Nacional do FBES, apresenta pontos de debate e de construção desta

dimensão no sentido de não refazer toda a IV Plenária, sem deixar de lado problemas de nossa

estrutura e modo de funcionamento.

A necessidade de retomarmos estes pontos relaciona-se com a nossa caminhada, a partir dos

resultados da IV Plenária Nacional e o que isto vem contribuindo ou não para a consolidação do

movimento de economia solidária em suas estruturas nos diferentes níveis. Alguns pontos foram

indicados como centrais e, neste sentido, trazemos 6 temas para debate:

1) Fortalecimento dos Fóruns Estaduais;

2) Sustentabilidade e autonomia do movimento;

3) Estrutura;

4) Estratégias organizacionais;

5) Forma de fazer política e economia: coerência entre a prática e a teoria, os princípios e

valores da economia solidária;

6) Articulação com os demais movimentos sociais, tanto nacionais quanto internacionais.

O sentido do debate desta dimensão na V Plenária é podermos aprofundar a reflexão sobre como

poderemos ter maior interação entre os milhares de empreendimentos, organizações e as estruturas

de organização que temos hoje: fóruns locais, estaduais e brasileiro, refletindo inclusive a

diversidade dos atores da economia solidária e fortalecendo o movimento de economia solidária

enquanto um ator político. Além disso, a discussão da organicidade nos remete a refletir sobre os

processos autogestionários de fortalecimento dos fóruns locais, estaduais e nacional, garantindo
coerência e a sustentabilidade dessas instâncias. E finalmente, aprofundar diretrizes orientadoras


que possam definir nosso modo de fazer política e economia, concretizando os princípios e valores

da economia solidária tanto nos nossos discursos, quanto nas nossas práticas. Estas questões vão

ainda nos ajudar a melhor definir critérios, princípios e diretrizes orientadoras para a nossa relação

com outras redes e outros movimentos sociais, tanto nacionais quanto internacionais.
3.3.2. Questões para debate nas Plenárias Locais



Sugerimos que os empreendimentos que trarão sua experiência para o momento 4 (ver


Documento 1) tragam em sua apresentação a sua participação no movimento de economia solidária

(Fórum, Redes e outros espaços de articulação), destacando as forças e fragilidades da nossa

organização.
É fundamental aproveitar o momento 5 para uma ampla compreensão e entendimento pelo

movimento de economia solidária local sobre a estrutura do FBES6, com o resgate da IV Plenária, o

que ajudará no momento 6 a debater propostas de ações prioritárias no nível local com relação à


organização e estrutura, bem como levantar propostas à nível nacional sobre a organicidade.
6 Uma apresentação que pode ajudar neste momento está disponível em: http://www.fbes.org.br/index.php?




option=com_docman&task=doc_download&gid=1241&Itemid=216


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3.3.3. Questões para debate na Plenária Estadual



As questões a serem debatidas no momento 6 (ver Documento 1) da Plenária Estadual são


apresentadas abaixo.

Para discutir a organicidade do movimento de economia solidária é importante relembrar alguns

aspectos principais definidos na IV Plenária que já foram indicados pela Coordenação Nacional do

FBES como pontos que precisamos revisitar.
Natureza e definição do FBES

De acordo com a IV Plenária, o FBES se define como “um instrumento do movimento da

Economia Solidária, um espaço de articulação e diálogo entre diversos atores e movimentos sociais

pela construção da economia solidária como base fundamental de outro desenvolvimento sócio

econômico do país que queremos”. E tem como finalidades:

a) Representação, articulação e incidência na elaboração e acompanhamento de políticas

públicas de Economia Solidária e no diálogo com diversos atores e outros movimentos sociais

ampliando o diálogo e se inserindo nas lutas e reivindicações sociais.

b) Apoio ao fortalecimento do movimento de Economia Solidária, a partir das bases.
A partir deste quadro, a Plenária Estadual pode refletir:


a) Mantemos ou alteramos a definição de identidade e finalidade do FBES? Havendo

propostas, quais as alterações necessárias?
Estrutura e organização do FBES

Segmentos do FBES: o FBES é composto pelos seguintes segmentos: Empreendimentos de


Economia Solidária, Entidades de Apoio e Fomento e Gestores Públicos (detalhamento dos

segmentos no anexo 4.1 do Documento 1).
Estruturas de coordenação:

Coordenação Nacional é quem define sobre aspectos políticos, operacionais e administrativos


do FBES e é composta por 3 representantes dos fóruns estaduais (2 EES e 1 entidade de apoio

estadual, totalizando 54 EES e 27 Entidades de apoio); 2 integrantes da rede de gestores por região

e mais 2 em nível nacional (total da rede de gestores 12); representantes das Entidades Nacionais da

Coordenação Nacional do FBES.
Coordenação Executiva é quem faz a gestão política cotidiana do FBES, com apoio da


Secretaria Executiva e é composta por 13 titulares: 5 representes de entidades nacionais, 1 da rede

de gestores públicos e 7 empreendimentos (2 Norte, 2 Nordeste, 1 Centro-Oeste, 1 Sudeste e 1 Sul).

Para ser Entidade Nacional da Coordenação Nacional do FBES é necessário ter participação

plena em, pelo menos, 7 fóruns estaduais (hoje há 5 Entidades Nacionais na Coordenação Nacional:

Rede de ITCPs, Unitrabalho, Cáritas Brasileira, Instituto Marista de Solidariedade e Unicafes).

A participação dos gestores no FBES ocorre através da Rede de Gestores, e sua presença na

Coordenação Nacional não requerer um processo de participação mínima estipulada pelo FBES,

mas é um processo definido internamente pela Rede.
A partir deste quadro e tendo em vista a busca por melhorar o funcionamento destas

instâncias e o fluxo do local para a articulação nacional, de modo que possamos ter um diálogo

territorial e por regionais, a Plenária Estadual pode refletir:


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a) Mantemos ou alteramos estas definições sobre os atuais segmentos do FBES, a composição

da coordenação nacional e executiva, bem como a forma destas indicações dos diferentes

segmentos? Havendo propostas, quais as alterações necessárias?

b) Como pensar formas de diálogo e comunicação fluente entre as diferentes instâncias?

c) Como efetivamente conseguir a sustentabilidade de nossa organização?
Relação com movimentos sociais

Nas deliberações da IV Plenária, encontramos diretrizes relacionadas à relação com outras redes

e movimentos sociais. Um primeiro aspecto é que eles são parceiros para a concretização das

bandeiras e ações prioritárias. Movimentos sociais não participam como um segmento dos Fóruns

locais e nacional, estando presentes nos segmentos pelos empreendimentos de economia solidária

em atividades econômicas diversas e também pelas entidades de apoio. São aliados na construção

de lutas comuns, a partir das pautas específicas de cada um. Além disso, definimos que cada Fórum

(desde o local ao nacional) deve definir sua agenda e dialogar com outros movimentos sociais, em

prol da transformação social e mudança na perspectiva de desenvolvimento do país.
A partir deste quadro, e considerando a importância de nos relacionamos com os demais

movimentos nacionais e internacionais de modo a fortalecer o projeto e luta por uma sociedade

justa, solidária, sustentável a Plenária Estadual pode refletir:


a) Quais são os movimentos sociais que a economia solidária se identifica e como

estabelecemos relações para nos fortalecer mutuamente?

b) Que ações fazemos ou podemos fazer em conjunto com outros movimentos sociais?

Para isso, vale resgatar os movimentos sociais citados no relatório da IV Plenária Nacional, e

avaliar como andam as relações com cada um deles e se faltam outros que devem ser incorporados à

lista.
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